[Perfil] Elizabete Prado
Nascida em Toledo e naturalizada em Extrema, ambas em Minas Gerais, Elizabete Prado é presença garantida nas provas de trail, principalmente nas longas e que oferecem grandes desafios a serem superados.
Casada, mãe e avó, Elizabete é motorista da Unidade Básica de Saúde da Família e se desdobra entre os afazeres e obrigações diárias para conseguir fazer seus treinos.
Mas sua carreira no esporte começou, literalmente, por acidente. “Meu histórico esportivo teve início quando, por um vacilo pessoal, minha moto caiu sobre minha perna esquerda. Isso causou uma torção simples no tornozelo, mas uma tala gessada de dez dias prendeu minha circulação e causou uma trombo febrite.
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“Sem muito recurso para o tratamento, demorei um ano para andar. Com as dificuldades, fui para Extrema procurar oportunidade de trabalho e com isso, surgiu a vontade de recuperar minha perna e assim um amanheci decidida que iria correr.”
Como foi esse começo nas corridas?
Comecei a correr no parque sem nenhum suporte ou acompanhamento. Isso aconteceu em 2009, cinco anos após o acidente. No ano seguinte entrei na equipe de atletismo de rua apoiada pela prefeitura de Extrema.
Quando começou a fazer as corridas fora do asfalto?
Minha primeira corrida fora do asfalto também foi em Extrema, uma etapa do Campeonato Paulista organizado por Fábio Galvão, em 2011.
Migrei para a montanha em curta distância, mas já tentando fazer treinos mais longos pra testar minha perna. Mas uma antiga hérnia de disco foi outro vilão que tive que enfrentar e foram mais três anos até ter a certeza que aguentaria longas distâncias.
Que provas te marcaram nessa carreira de trail?
Muitas provas me marcaram, mas a passagem das curtas para as ultras sem dúvida deixaram um marco na minha trajetória. Dentre as principais, estão: 2013 Endurance 50 Km Corrida de montanha / São Bento do Sapucaí, minha primeira ultra; em 2014, XTERRA 50 Km Ilhabela e a Endurance Challenge Agulhas Negras 80 Km (que virou 92 km).
Só então senti que estava preparada pra enfrentar as montanhas do país. Quis aprender mais e fui participar do circuito KTR.
E não posso deixar de citar os principais resultados que foi vencer os 42 Km da KTR Campos do Jordão e os 80 Km da temida La Mision Brasil. Essas são provas que viraram marco para mim.
Não tenho palavras para descrever tamanhas emoções que Deus colocou e quero honrar tudo que estou vivendo. Foram pontos adquiridos com muito suor, dificuldades e lágrimas, mas que serviram para o meu crescimento.
Fui segunda colocada no ranking Skyrunning e convocada para participar na distância de 65 Km do Festival Buff Epic na Espanha, que será realizado entre os dias 11 e 13 de julho de 2020, no Vale Dell Boi.
Quais os planos para 2020?
Quanto ao calendário, os planos são a Indomit Pedra do Baú, o circuito KTR, as provas do Circuito Skyrunning e também da Insanity, que entraram algumas.
Ainda segue treinando sem acompanhamento?
Devido aos resultados positivos que tive, decidi que teria que ter um treinador e estarei sendo acompanhada pelo Luiz Torres e a Explore Trail Running Tour. A decisão não foi só pela admiração, mas também pela parceria porque já fizemos 3 provas em dupla.
E como é sua rotina de treinos?
Então… sou uma atleta com uma vida muito corrida, o que não pode ser diferente. Como já disse, sou motorista da Unidade Básica de Saúde e trabalho doze horas por dia. O restante do tempo eu divido entre casa, treino, igreja, academia e fisioterapia. .
Posso dizer que acabo sendo atleta de fim de semana. Às vezes treino uns 35 minutos na hora do almoço e só me resta o sábado para os longos, que não ultrapassam os 40 Km. Mas jamais a falta de tempo me traz desânimo, pelo contrário, me faz dar valor a cada segundo.
Entre rua e montanha já se vão nove anos batalhando pela recuperação da perna e o resultado foi meu crescimento no esporte Outdoor.