A estória do ‘Dia do Boi’, uma confraternização do trail próximo a BH

A Boi Preto Surgiu em 2017 quando 3 amigos que treinavam para uma prova na Patagonia nas trilhas da Serra da Calçada, no município de Brumadinho, vizinho a Belo Horizonte tiveram a idéia de conectar as mais importantes trilhas da região.

Inspirados nos percursos de longo curso como a Pacific Crest Trail nos EUA e 13 peaks na Africa do Sul começaram a desenhar um caminho que não só abrangesse as mais belas trilhas da região mas que também tinham um significado histórico, conectando caminhos e ruínas construídos pelos escravos no século XVIII e que posteriormente vieram a dar o nome Serra da Moeda, exatamente por se tratar de uma via para escoar o ouro e fugir do imposto de Portugal.

Foto: Ramon Ricardo

Em 2019 foi criado o nome Boi Preto em homenagem à lenda de um boi que avançava nos motoqueiros que percorriam uma dessas trilhas históricas. Desde então, o boi passou a ser considerado um guardião local.

No mesmo ano, foi inaugurado o Dia do Boi, que seria o dia em que o grupo de amigos tentaria pela primeira vez cruzar os 85k com quase 4000 metros de desnível positivo. Por ironia, naquele mesmo ano ninguém conseguiu concluir o desafio.

Nos anos que se seguiram, a travessia Boi Preto foi acumulando pessoas que participavam do desafio sendo que na pandemia, com o cancelamento das provas, o desafio passou a ganhar popularidade exatamente por permitir que cada um fosse no dia e horário que quisesse, evitando aglomerações.

Sendo assim, diversos corredores do Brasil e até do exterior passaram a conhecer as trilhas do entorno de Belo Horizonte.

A capital de Minas Gerais sempre teve um número expressivo de corredores de montanha pela proximidade da vasta rede de trilhas porem não tinham uma prova que trouxesse olhares externos, uma vez que a maioria das trilhas esta inserida em áreas particulares e de proteção. A Boi Preto permitiu que as pessoas de fora conhecessem o potencial da região e a comunidade trail local abraçou a idéia, recepcionando e participando cada vez mais dos corredores de fora.

Pedro Rolim e Rafael Porto.

A partir do primeiro Dia do Boi cada ano mais pessoas se juntam no final de Dezembro para participar e confraternizar na cultura das trilhas locais. Os “boizões”, freqüentadores das trilhas se tornaram os novos guardiões das montanhas, denunciando motoqueiros, pixações, queimadas, ações excessivas de mineradoras junto a ONGs e comunidades locais, limpando trilhas e estimulando o turismo na região.

Neste ano, os organizadores, liderados pelo idealizador Rafael Porto e seu amigo Pedro Rolim, ao invés de se realizar a travessia completa como no início de sua história, organizam um evento mais inclusivo nos primeiros 28k da travessia. O Dia do Boi 2024 será realizado em espírito festivo, com muita música, diversão e luzes para estimular as pessoas a passar a noite correndo e admirando o belo nascer do sol no topo da montanha. No último, o evento contou com a presença de mais de 200 pessoas, número que será facilmente ultrapassado em 2024.