No dia 21/07/2021, a atleta Letícia Saltori marcou o novo recorde de subida feminino do Pico Paraná, mais alta montanha do sul do país, registrando 1:44h, e o recorde de ida e volta com 3:16h, ao lado do colega Gilberto Bandeira que detém os recordes masculinos de subida com 1:30h e o recorde de ida e volta 2:46h, tudo registrado no aplicativo do Strava (clique para ver).

Conheça um pouco desse projeto:

Leticia Saltori, como surgiu essa ideia de subir as montanhas e baixar o tempo?

Quando eu saí das forças armadas, onde fui atleta de alto rendimento da marinha de corrida de Orientação, pude me dedicar a uma antiga paixão que era o Trail Running.

E coloquei na cabeça que precisava me dedicar mais ao trail se quisesse ter chances reais de disputa, principalmente em provas fora do Brasil.

Até o início de 2020, eu estava com um treinamento bastante intenso, porém com a pandemia, tive que parar. Pela primeira vez fiquei 140 dias parada por opção, porque não conseguia treinar com máscara no ambiente urbano e uma solução foi voltar a correr afastada no mato.

Nesse período o Bandeira, meu colega de treino, continuou mantendo os treinos e explorando novas montanhas e começamos a explorar esses percursos através do aplicativo do Strava. E nessa busca por melhorar a performance, começamos a nos estimular a baixar nossos tempos.

Os recordes e melhora de tempo foram uma consequência e um estímulo a mais para sair da zona de conforto, aquela essência de buscar explorar nossos limites. Quando conhecemos o aplicativo, virou um vício bom para sair da rotina de forma muito natural para nós.

Esse treino no Pico Paraná, que rendeu o recorde pessoal e geral no feminino, foi um treino sem pretensão. Saiu naturalmente, eu não estava focada nisso, fiquei muito feliz pelo feito, pois estou em uma sequência forte para as próximas provas que seguem confirmadas para o segundo semestre e isso me mostra que estou no caminho.

No dia do RP eu estava bem ansiosa para manter um ritmo bom no percurso, corri feliz, sai controlada, ainda assim as câimbras me pegaram e eu precisei administrar para não estragar o planejamento de manter corrida intercalada com caminhada forte. Eu já tinha o recorde de subida com 1h 49 min. Chegar com 1h44min foi duro, pulmão trabalhou ao máximo e o coração chegou na boca e o corpo respondeu bem a tudo.

E como você vê esse movimento de baixar tempos em subir montanhas e em fazer travessias no menor tempo possível?

Para nós foi um processo natural, aos poucos nós fomos conhecendo os percursos através de amigos que mostravam os caminhos pelos aplicativos, as fotos dos locais, como chegar nas trilhas e essa paixão pela descoberta só foi aumentando.

Depois é que nós começamos a ver esse movimento na Europa, onde atletas de elite, pela ausência de provas, começaram a se desafiar e baixar os tempos em Montanhas e Travessias Conhecidas.

Nós vemos esse movimento com bons olhos, porque é uma forma de se manter motivado, de se desafiar como pessoa (bater recordes pessoais), conhecendo e explorando as montanhas e as travessias.

E de certa forma inspirar as pessoas que através da corrida na trilha, independente do ritmo de cada um, é possível buscar uma melhora pessoal e uma conexão profunda com a natureza.


Letícia Saltori
Educadora física, sócia fundadora na assessoria esportiva Equipiazza, terceiro Sargento da Marinha do Brasil, atleta profissional de corrida de rua, de corrida de montanha e corrida de orientação. Com experiência e pódios em diversas provas nacionais e internacionais como a Wings for Life, Mountain Do do Deserto do Atacama, Tri Samurai Mizuno Uphill, Maratona dos Perdidos,  El Cruce e Endurance Challenge Agulhas Negras.

Gilberto Antonio Bandeira
Atleta de alto rendimento do pentatlo militar e corrida de orientação, segundo Sargento do Exército, já participou de 8 mundiais e 4 sulamericanos através da seleção brasileira. 

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